"Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?" Mt 7:14
Em um diálogo clássico com os fariseus, Jesus aponta sua grande hipocrisia ao atentar nos erros dos outros antes de fazer um reflexão sobre sua própria vida. Figuras como sepulcro caiado, interior do copo sujo são evidências de uma religiosidade meramente exterior, uma religiosidade carente de sentido real, destituída de verdade. Não se engane, aqueles homens eram os mais respeitados da nação, invejados pelos pobres "pecadores", que eram constantemente oprimidos por seu legalismo. Somente alguém com a autoridade de Jesus seria capaz de lançar-lhes em rosto sua hipocrisia.
Infelizmente não somos diferentes dos fariseus. Nossa vida cristã muitas vezes está baseada em rituais externos, sem sentido. Julgamos a saúde espiritual uns dos outros pela pura aparência. Nos arvoramos em juízes, sem perceber que quando fazemos isso nos afastamos do crucificado e nos aproximamos dos crucificadores. Jesus foi dado a morte por seu povo, em substituição a ele, mas também entregue diretamente por ele. Jesus morreu por nós, mas muitas vezes nossas atitudes são as mesmas que o levaram a cruz: "ele veio para os seus, mas o seus não receberam"
Vamos colocar a mão na consciência. Quantas vezes olhamos para o nosso irmão e nos julgamos superiores? Quantas vezes ficamos espantados com as palavras "torpes" na boca de outros cristãos? Quantos vezes ficamos assustados com os hábitos dos outros? Quantas vezes dizemos que alguém está frio espiritualmente? Quantos vezes declaramos que uma igreja está morta? ou é corrupta? ou está apenas tentando enganar os fiéis? quem nos deu esse direito de julgar? Quem nos tornou juízes e não mais cumpridores da lei?
"Pela graça sois salvos, isso não vem de vocês, é dom de Deus para que ninguém se glorie". A autoconsciência nos faria entender que se somos salvos é pelo amor de Deus. Se não pecamos é graças ao agir diário do Espírito Santo. Aliás "se alguém disser que não tem pecado, este é mentiroso". Todos pecamos e estávamos destituídos da glória de Deus, mas como pai amoroso pagou um preço altíssimo para que pudéssemos ter comunhão com ele e com os irmãos. Paulo disciplinava a igreja severamente, mas sempre chorando por eles em oração. Não se orgulhava de ser melhor, mas se considerava o pior dos pecadores, totalmente entregue, totalmente grato, totalmente consciente de que sua vida era daquele que o havia livrado da morte.
Amemos de verdade, não apenas de língua assim tiraremos a trave do nosso olho e então com visão perfeita seremos capazes de ajudar nosso irmão a se livrar de seu cisco.
Em Cristo
Silvio Barbosa
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